Cap. 2 - Vivendo e Aprendendo


Capítulo 2 - Maison Miller estraga meus planos



Faltam 3 semanas pra eu acabar o último ano do ensino médio e 4 meses pra eu fazer 18 anos. Nas férias eu farei uma viagem, a qual,  me custou muito tempo e trabalho braçal pesado por 3 longos anos, já que meu pai nunca pagaria pra mim. Foi muito difícil convencê-lo a me deixar ir, mas como todas as despesas seriam por minha conta e eu já sou quase maior de idade, no final, ele disse “Porque não?”
Eu estou indo pra Inglaterra e vou ficar um mês e meio por lá, eu conheci duas meninas de lá pela internet, a gente vem se falando por webcam tem uns 2 anos e eu já sou muito amiga das duas.

Tem a Abby, que mora em Londres e desde que nos conhecemos notei que ela é muito extrovertida e sua animação é contagiante, pela webcam pude ver que ela é loira, o cabelo liso e chega até o ombro, ela cortou há uns 2 meses, tem olhos verdes quase transparentes e pelo que me disse de sua altura é uns 5 centímetros mais alta que eu. E a Taliah (Talía) mora numa cidadezinha mais ao sul, ao que me parece, ela é quase da minha altura, de cabelo preto desfiado que desce liso até a metade de suas costas, os olhos negros. Ela me contou que é bissexual, não que isso faça alguma diferença, mas ela me apresentou a atual namorada e disse que no momento esta feliz com a garota de cabelo loiro cacheado com as pontas rosa.

Eu já falei meu nome? De qualquer forma, é Maddison Carter, mas atendo por Maddie também.

@#$

Saio de meus devaneios sobre a Inglaterra e minhas amigas, finalmente me tocando de que hoje é segunda (que saco!) e eu tenho prova de história, passei o fim de semana todo estudando já que é minha pior matéria.

Depois da prova, aula de educação física. Enquanto eu me dirigia tranquilamente ao vestiário, em meu moletom capri cinza e uma regata branca qualquer e meu all-star “branco”, dei de cara com o tanquinho mais bem trabalhado que já vi, parecia esculpido pelos deuses. E quando saí do meu transe, Maison Miller me encarava com um sorriso sacana.

– E aí, apreciando a vista? – referiu-se a estar de sunga e com uma toalha nos ombros, pra aula de natação.

– Talvez – dei de ombros – Até que não está mal em, Miller. – falei sorrindo e entrando no vestiário.
Saí com meu maiô azul, padrão da escola, e fui direto pra piscina. Scott, o nerd magrelo da turma, ficava me encarando com a mesma cara de sempre, como se eu fosse um hambúrguer e ele estivesse sem comer nada, nem ninguém (provavelmente estava, acho que ele é a única pessoa da escola mais virgem que eu).

– Parece que tem alguém querendo te comer. – solta um risinho.

– Cala a boca, Miller.

– Calma, Maddie. Quanta agressividade. Agora que você vai ser minha irmãzinha deveria ser mais gentil comigo. – sorri ironicamente, me lembrando que meu pai e a mãe dele estão “namorando”.
– Claro, como eu pude me esquecer? – falei irônica de novo.

– Agora que minha mãe e seu pai estão saindo podíamos nos falar mais. – ri, tipo ri muito, me lembrando do tipo de mulher com quem meu pai sai, já que até com algumas meninas da minha escola ele já transou.

– Miller, não precisa usar isso de desculpa. Eu sei que você quer que eu tire a roupa e abra as pernas pra você, mas não rola, tá?! – falei entrando na água e fazendo o mesmo que os outros alunos.

@#$

Quando cheguei em casa, estranhamente, meu pai estava lá. Ele, Maison e a mãe dele, Whitney.

– Hm... oi? – falei já me direcionando as escadas.

– Filha, precisamos falar com você.

– Filha? Ok, o que houve? – falei estranhando ele me chamar assim e não de Maddison, como sempre faz. Acho que a última vez que ele me chamou de filha foi quando minha mãe morreu.

– Maddison, seu pai disse que você vem se programando pra fazer uma  viagem depois da formatura né?!

– Isso. Por quê? – estranhei o assunto puxado.

– Bem filha, é que gostaríamos que o Maison fosse com você.

– O QUÊ? – fiquei pasma – Como assim?

– Você sabe Maddison, vai ser uma viagem longa e pra outro país, não é muito seguro que você vá sozinha.

– Haha não precisam se preocupar comigo. Sério. Você nunca se importou com nada relacionado a mim, né?! Por que isso agora? – me dirigi ao meu pai. Reparei que Maison tinha um sorrisinho na cara, mas que já estava começando a ficar sem graça.

– Eu sempre me importei Maddison, eu e Whitney ficaríamos mais tranquilos se você fosse acompanhada. O Maison já tem as passagens e hospedagem programados, ele só ficaria por perto, não precisam ficar juntos.

– O quê? – falei agora quase num sussurro – Você vai dar a ele tudo o que eu demorei anos pra conseguir sozinha? Você disse que não fazia sentido pagar por algo que você não vai aproveitar!

– Não sou eu quem vai pagar a viagem dele, é a mãe dele.

– Querem saber? Vão a merda. – disse e dei as costas a eles, subindo as escadas e me trancando no meu quarto. Passei o dia lá, nem comer eu comi. Como assim eu teria que ir com o Miller? Aquele viado. Filho de uma puta, tenho certeza que a ideia foi da mãezinha dele. O meu pai não se importa com a minha segurança, arg, que palhaçada.

Bom, agora tô quase definhando de tanta fome. É vou ter que descer, não posso dormir com fome. São duas da manhã, então é pouco provável que meu pai esteja acordado.

Desci de mansinho, abri a geladeira e só tinha uma salada velha e queijo. Ui, precisamos fazer compras, encaro as folhas que já estão num tom verde escuro com nojo. Freezer? Só waffles congelados, serve. 
Tirei uns 5 waffles e fui botando na torradeira, tinha um suco de laranja, mas estava fora da geladeira então? Quente. Peguei uns cubos de gelo, puis no suco, joguei uma cobertura qualquer por cima dos waffles e devorei tudo. Acho que fiz barulho, pois antes de eu acabar de comer, um Maison só de boxer e com a cara amassada surgiu na minha cozinha. O porquê, eu também não sei.

– Maddie? O que faz aqui?

– O que você faz aqui? – falei deixando clara que era ele que estava na casa errada.

– Minha mãe falou que enquanto eles estiverem juntos, vamos morar aqui. – falou dando de ombros.

– Ãn? Mais essa... – reviro os olhos – Ah, me conta que bosta é essa de você ir pra Inglaterra comigo?

– Que? Não foi minha culpa não, minha mãe que ficou falando que você é muito nova e talz. Acha que eu queria passar mais de mês com você em outro país? Não mesmo.

– Como assim? Eu vou fazer 18 em alguns meses. Que droga! E você também não é maior. – aponto, ignorando seu comentário.

– É, mas eu faço 18 semana que vem, ou seja, antes da viagem. – falou com um sorriso que dizia “Na sua cara!”, então encheu um copo d’água.

Suspirei alto, acabando de comer meu lanche e me dirigi a escada, até que fui puxada bruscamente pelo braço. Eu estava no 3º degrau, o puxão me fez virar e cair em cima do brutamonte que estava logo abaixo, derrubando nós dois no chão. Não tive tempo nem de gritar.

– Ai! – ele falou simplesmente – Tá pesadinha, Maddie.

– Grosso! Tá maluco? – falei apoiando em seu peito pra me levantar.

– Sabe, você tá muito gostosa com esse pijaminha. – falou me puxando de novo e botando a mão na minha coxa. Meu pijama é meio curto mesmo, mas é que eu não esperava encontrar ninguém na cozinha, é um shortinho vermelho e uma regata cinza com um coração no meio.

– Tire a mão se quiser continuar homem, mesmo que não seja grande coisa eu posso arrancar.

– Hey, calma – disse tirando a mão da minha perna – E pra você saber é bem grande sim! – falou mais alto e eu ri, subindo as escadas, dessa vez sem ser impedida.

O dia seguinte foi um porre, e o outro também e assim sucessivamente. Na escola eu era meio que invisível, não tinha ninguém do meu interesse naquele lugar, eu não era popular como Maison, seus amiguinhos jogadores de futebol ou sua namoradinha vadia Candece e suas clones líderes de torcida, mas eu também não era uma dos que sofria bulling pelos populares, nem a “plebe” que era composta por quem gostaria de ser popular.

Eu meio que não era nada, alguns garotos me notavam, mas só os dos clubes do qual eu fazia parte. Eu sou bonita, de verdade, mas eu não me importo muito com aparência e como não uso as roupas pra chamar atenção, acho que nunca representei uma ameaça pras líderes de torcida, então o que eu fazia (mesmo realmente não querendo) era deixar os nerds com tesão.

Com Maison, eu só comecei a falar por causa dos nossos pais e só falava fora da escola, quando eles resolviam fazer algum jantar.

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